terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O meu mundo

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Meu melhor mundo mora na porção mais silenciosa de mim mesmo. Eu inventei-o à minha maneira. Recorro sempre a ele, quando tenho excesso de consciência de que sou parte desse planeta que se apresenta totalmente desequilibrado.
Estamos a perder o dom da alegria e a aprender a sermos infelizes. Porquê esta inquietude que sentimos no recôndito dos nossos corações? Quanto mais conhecimento tecnológico, mais clara se mostra a infelicidade pessoal…
Daí ter escolhido esta ilha paradisíaca… ainda faltam as infra-estruturas, mas se calhar, é esse mesmo isolamento do mundo e o ainda reduzido número de turistas que mais fascina quem parte à descoberta destas ilhas. Em nenhum outro lugar se sente tanta tranquilidade e paz!!!
Assim, se hoje me sentar na areia e fizer um castelo, como muitas vezes faço, independentemente de quem olha, este será mais um castelo fantasma com muitos poucos moradores, não aquele a que muitos se habituaram a pensar, cheio de amigos e conhecidos… Eu sabia que havia de chegar o dia. Quando era muito novo, perguntava-me, se havia algum mecanismo secreto na vida, que nos fizesse crescer. Penso agora, que são os sonhos não concretizados. Pouco a pouco fui esgotando a paleta de cores com que costumava colorir a vida… penso que é o que acontece às pessoas. Mais cedo ou mais tarde acabam-se as cores e a que é dominante passa a ser a cor real, natural, da vida, das pessoas, do café que se bebe logo pela manhã. Acho que cresci. Apareceram os cabelos brancos, já faço as grandes viagens que sonhava fazer e sou capaz de enfrentar o que a vida me traga com confiança, olhos nos olhos.
Volto aqui porque ainda tenho um sonho por cumprir e esta é a minha montanha magica… e eu não sei viver sem ser assim…
Estava com um objectivo na minha vida, que era partir!
Para bem longe! Não por cobardia mas sim por canseira! Não de trabalho, mas sim das pessoas! Todas no geral e ninguém em particular!
O único motivo pelo qual ainda não teria este abandono acontecido era a saudade que tinha dos seres queridos mais chegados a mim! Quando deles me separava sentia uma chamada serena de ajuda!
Procurava satisfações para adiar o que seria inevitável!
Agora num presente, mesmo presente comecei na contínua e incessante procura do motivo que um dia me levou à partida! E está sempre na minha frente….
O motivo do que será a minha e prolongada ausência...
A jornada que se seguirá não poderá ter um outro rumo senão aquele que me atrai! Não que se trate de uma atracão! Não que se trate duma obsessão!
Não sou uma pessoa obsessiva
Se calhar não há nenhum motivo... e se houver, cada vez mais vai ser difícil de o encontrar... vai sendo apagado pelo tempo... é sempre assim...será????
Procurar o motivo, pode desviar-me da verdadeira ideia que deverei ter sobre o que me aconteceu. Não quero que o motivo seja a opção nem a causa.
Parece um paradigma mas a ser serão as duas! Qualquer que seja o ângulo!
E será na responsabilização destas opções que vou encontrar motivos para continuar a procurar o motivo. Não uma procura de escape…já não…
Procurar por procurar, não adianta muito!
Procurar para ajudar a decidir outra melhor opção, já é aceitável.
A satisfação dos meus interesses e o querer concretizar o que imagino como ideal, ofusca-me. Por vezes não me deixa ver com nitidez, com lucidez.
Há pessoas que facilmente substituem o próprio coração pela razão, desvalorizando os sentimentos.
Posso ignorar os gritos que oiço vindos do meu coração. E seguir em frente com a certeza de que vou encontrar o que quero não querendo dar conta que isso já aconteceu.
Facilmente julgamos os outros, descartando-os das nossas vidas como se a sua importância de repente fosse nenhuma.
Não quero substituir a possibilidade pela certeza!... É de facto um morno e estéril beco em que se refugia muita gente, privilegiando a segurança (!?) em detrimento do viver, da vida. E já é tão pouco o tempo... e nem que a vida fossem mil anos!


SAUDADES....